Numa tarde de sexta-feira como essa, caminhar pelo centro da cidade revela-se interessante. Como seria em qualquer outro dia, menos no domingo, claro. Numa tarde de sexta há a mistura de descontração e alívio pelo final de uma semana de trabalho, teoricamente. A partir de agora o copo estará na mesa, a garrafa gelada, a fumaça do churrasquinho excêntrico ali da esquina penetrando em nossas narinas e nos deixando temerosos.
Uma semana cheia de trabalho. Teoricamente. Apenas para, digamos, uma parcela da população economicamente ativa. O número de figuras peculiares salta aos olhos fácil, fácil. A fauna lúgrube a planar pelos becos e vielas da cidade imunda. Transeuntes malemolentes em busca de uma nova jogada. Malevolentes em busca da perdição na mesa do bar.
O velho desdentado, o freak de black power loiro, o pedreiro obsceno – “essa eu chupava toda até desmaiar” – a dona do boteco de seios fartos que sua sem parar e não lava as mãos porque falta água naquela pocilga onde gente como nós enche a cara e vira bobo alegre. E na corrida de obstáculos que é a ida até o ponto de ônibus (que sempre vem lotado), cuidado com os trombadinhas, cheira-cola, delinqüentes e afins. Porque nesse pardieiro tem de um tudo muito estranho.
À sombra das árvores indecentes que rasgam a calçada com furor sexual paira o bundamolismo dos malandros desempregados que sabem que morrerão assim, malandros vagabundos em busca de alguma mal amada para traçar e sugar até o osso.
O tempo avança e os freaks se aglomeram no seu gueto, onde suas libertinagens ganham vida própria.
25.1.07
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5 comentários:
tu é o cara..
e eu posso ver tudo isso que vc descreveu, qse que diariamente... ah, as capitais..
bjoo
A crônica? tão visual, tão... amarelo manga.
estou gostando de ver isso aqui. e vc está cada vez melhor, keep on.
;)
=@
eu adoro o centro
foi a crônica pro xavier?
gostei, tem umas palavras tão suas... e não conheço muito, mas têm umas cenas nelsonrodrigueanas?
isso, menino, escreve muito, tá?
=***
Marcelo diz:
"Ramiro é tão pornográfico. Quem olha pra ele não diz".
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